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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

PARA 2014





PARA 2014



Vem, ano novo,

e traz consigo textos fantásticos,

versos bombásticos, palavras que falem,

mais que digam,

que abalem.



Vem com textos polêmicos

sentenças ácidas,

de uma leitura causar espanto

de um rosto triste arrancar encanto

de um coração duro quebrantar-lhe em pranto.



Quero, durante seu curso,

ler, escrever, conceber,

gerar, parir, lamber,

a escrita que causar mais prazer

de o leitor arrebatar-se

sentir seu corpo arrepiar-se

ao passar os olhos, de relance

no texto que fizer-lhe luzir a fronte

nos versos em que focar o olhar brilhante.



Não quero, em seu dia a dia, nada básico,

nem comum nem simples

quero almas penadas levantando-se em coro

reagindo iluminadas

ao menestrel do gozo

o compêndio de palavras com sentido em dobro.



Ver nascer em você os textos mais marcantes,

do começo ao fim, impactantes,

estrofes anárquicas,

rimas teimosas,

escritas por mentes caóticas.



Instantes exultantes

poesias palpitantes

poetas invadindo palcos

soltando verbos escatológicos

fazendo plateias moribundas

de olhares opacos

e pálpebras flácidas

abandonarem o pulsar analógico

e irromperem em respirações profundas.



Clarice já disse

que o tempo não se conta em dias

mas em anos,

então, neste novo tempo,

quero estalar os dedos,

nervosa

por poemas empolgantes,

ansiosa

por sinuosas rimas,

as verdadeiras sinas,

dos poetas

e seus versos intrigantes.



Por isso, neste momento,

abandono o livro engodo,

que não me ganhou na madrugada alada,

sou leitora na noite,

viajo em jangada

num mar de palavras que quero,

venham como onda inesperada,

e me deem um caldo,

e me façam rescaldo,

de onde me recupere, destroçada,

e corra, e recorra

a um novo texto, no encalço

da letra mais dura,

e ao mesmo tempo leve e pura

que alimente

de tanta beleza e poesia

minha fome premente

da surreal literatura.




@Cristina Lebre – 28.12.13

Código em Recanto das Letras T 4629612

terça-feira, 17 de dezembro de 2013




ELAS



Sem elas eu seria

regaço vazio,

poço sem água,

solo estéril.



Alma aturdida

caminhar errante,

vida perdida

passo a passo

no pó da estrada,

no silêncio profundo

do nada.



Espectro decrépito,

ossos secos, pele sem viço,

corpo quedado,

olhar opaco,

pássaro acossado,

derrotado.



Se elas eu não concebesse

de um sonho nada sobraria

insone perambularia

e as flores que plantasse

antes de crescer,

murchariam.



Sem elas eu

de nada serviria

nem ao menos dor

sentiria,

seria andarilho sem rumo,

sem prumo,

sem reta, sem curva,

deserta, sem trilha.



Vagaria, e me deixaria

levar pela onda do mar

que, com pena de tanto pesar,

doce, e definitivamente,

me afogaria.




@Cristina Lebre – 15.12.13

Código em Recanto das Letras T4614623

domingo, 1 de dezembro de 2013



ANAMEL


Nos seus olhos
O pintor pintou o negro que encobre a noite
mas salpicou do brilho de tantas estrelas
que encheram de lira um caminho de pedras
e a todos que passam por ele ela cura.

Em sua pele
O tecelão fez divina tessitura
um véu de algodão
de tal forma que, ao tocar suas faces,
as mãos sentem tão nitidamente
a  essência da  maciez do lírio,
que de impressionado, extasiado,
palpita o coração.

Em seu sorriso
O desenhista impregnou os traços de Sua própria paixão
e apresentou o milagre da vida
de um tal jeito que desconsertado fica
quem lhe admira o efeito de paz
que ao mais profundo do peito
ele nos faz.

Pra gerá-la e criá-la
Ele escolheu outra Maria
uma toda errada, carente,
mas que de tal maneira
tornou-se  bem-aventurada,
que ela só poderia agradecer-Lhe
tanto  mais a cada dia
e por Ele apaixonar-se, perdidamente.


Cristina Lebre – 30.11.13
Código em Recanto das Letras T4593342







BUH


Felicidade é contemplar

esse seu sorriso de alegria,

e agradecer ao Criador

por me permitir viva,

pra  que a  esse milagre tão perfeito de vida

tecido de maneira “assombrosamente maravilhosa”

no escuro do meu ventre

que eu nem ao menos merecia,

quanto mais a cada dia

eu sem medo me apaixone,

tanto mais por ele eu viva

e pra ele faça poesia.



Cristina Lebre – 30.11.13

Código em Recanto das Letras T4593337

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NA DIREÇÃO DA POESIA



NA DIREÇÃO DA POESIA


Íntimo pulsar em direção à poesia
dá-me a garantia
de atenuar a dor da nem tão doce vida
de refrescar a sede e a fome de justiça
um dia a mais!

Versos compostos em harmonia
miram-me a alma
tiram-me do peito uma canção
que embala
o coração, que de todo o pulsar
se envolve, pleno de emoção.

Palavras compiladas
na solidão da noite do poeta
cuja mente, sagaz e desperta
pela poesia nutre fome voraz,
são até capazes de, neste intrínseco
desassossego,
do desejo benfazejo
da estrofe mais bela,
enredarem-se todas, e tanto mais
até chegarem a quebrantar
o coração do homem vil,
que mais duro se faz.

Ao viver um novo dia,
não importa a hora, a obrigação,
a labuta senhora,
o momento é de fazer, lamber, sorver,
poesia.

E assim conseguir
ainda sorrir,
e iludir
este árduo caminhar,
e atingir em cheio o convidado
que pela poesia passa,
e a visita
e se permite encher,
uma vez ela lida
a alma de gozo, alegria,
e paz.



MCRL/mcrl/ 20/10/13

Código em Recanto das Letras T 454 1968

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PRIMAVERA



PRIMAVERA



Folhas secas, mortas
caídas no solo para a criança pisar
brincar de quebrar
ouvir o estalar.


No céu pesado nuvens densas
trazendo uma chuva lenta
que parece que acalenta
a saudade do inverno
que se despede,
triste, já se vai.


Já se esvai no tempo
nas flores que se preparam
para abrirem no mesmo sentido
com o pólen, à concepção,
oferecido.


É a natureza preparando a festa
esquecendo  por ora o uníssono gemido
anunciando, num único bramido,
a bela, viril primavera,
quando os lírios se vestem, majestosos
formam fileiras do fino fio tecido
entretecido com a perfeição
da criação mais formosa.


E os pássaros cantam, espalhafatosos,
a canção do sol desnudo, quente,
que, imponente, permite somente um resto de brisa
para oferecer às flores guarida
respeitando o desabrochar irmão
a celebração, em milhões de matizes
do turbilhão de cores.




MCRL/mcrl/21/09/13

Código em Recanto das Letras 4494859

sábado, 14 de setembro de 2013



ILUSTRE CRIAÇÃO



Vem, bouganville linda,
com seu beija-flor furta cor
que lhe toca e beija a flor,
me dar um banho de autoestima
e me lembrar que  a minha sina
não é a dor e o sofrer,
mas o  escrever;
fazer poesia pra vocês,
partículas da exuberante criação,
ao lhes contemplar,
e poder gozar do espetáculo
da sua visão.
 



MCRL/mcrl/14/09/13.

Código em Recanto das Letras T 4481659

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

VILIPÊNDIO TEMPO





VILIPÊNDIO TEMPO




Onde, onde

Onde o seu ombro moço

para eu reclinar meu dorso

torto de dor?


Somente no tempo

que passa, passa, passa...

passa tanto que, as vezes,

parece até que cansa

de passar?


Somente no vento

que enche de pó

a estrada, estrada errada

errada, errada...

que parece até que,

de tão equivocada,

em nenhum lugar vai dar?


Onde, onde meu corpo

que, com alegria, ia

ia, ia, ia...

e agora parece que,

dividido em partes

fica, fica, fica,

espalhado no barro da estrada

esperando alguém

que lhe recolha as partes

e o devolva à arte

da vontade

de novamente ir

nem que seja só pra ver

o nada

nem que seja só

para sair

do mesmo lugar...



Será

que  o seu pulso é fraco

e o meu dorso,

pesado demais

pro seu ombro  sustentar?



Será

que as minhas vis palavras,

mesmo quando caladas

não encontram alento

no lento,

vilipêndio tempo

que agora mente

que cansou de passar?

  



MCRL/mcrl/09/09/13

Código em Recanto das Letras - 4474779

sábado, 24 de agosto de 2013

EXAUSTÃO


EXAUSTÃO


Percebo a alma exaurida
diante da nova partida.


O corpo e a mente
ainda mais cansados
em meio ao pesado fardo
do tentar amar e,  jamais acostumados,
verem-se  outra vez frustrados.


Se a vida é sempre esta dor
de que fora sentir sua leveza
quando somente ao viver o amor
que agora, novamente,
se transforma em tristeza.


Se a solidão é a senhora da vida
e tão somente a morte,
quem um dia, de vez, a aterroriza
ao menos é figura fácil, conhecida,
não deixa de fulminar a chama
que outra vez, pouco a pouco,
se acendia,
a cada doce, pois que íntima sensação,
da tentativa mais uma vez inibida.


Eis que novamente surge o acordar lento
corpo nu a carregar nas costas
mais este sustento
de um amor que apenas
se anunciou, e tão breve virou
ordem de esquecimento.


E assim se desperta a rotina matinal
da natureza em canto,
cenário de mais um dia
que reverbera seu encanto
sem perguntar nada
sobre os desalentos de ontem
mas simples, e lentamente,
a renovar as forças
do combalido homem.


MCRL/mcrl/22/07/13
Código em Recanto das Letras 4440373

terça-feira, 16 de julho de 2013

IMPOSSÍVEL




IMPOSSÍVEL


Pedi a Deus
pra esquecer tua face.
Ele não me atendeu
antes me concedeu
memória instantânea
daquele enlace.

Pedi a Deus
pra me apagar da lembrança
o movimento sôfrego
do teu olhar
o brilho fúlgido, desgovernado,
intermitente,
adorno iluminado
dos teus olhos carentes
redondos, quase saltados,
desassossego constante
medo ambulante.
Mas Deus não me respondeu
que ia tirar
da minha mente vívida,
a visão tão nítida
do teu mirar...

Pedi a Deus
pra esquecer teu sorriso
se abrindo largo
do outro lado
da rua
pra eu te achar
e então atravessar
sem nem me ater aos carros
nem muito menos aos fardos
do meu viver pesado,
e para ele correr,
e só pensar
em a ele me abraçar...

Não, não houve jeito
daquele instante perfeito
quadro pintado com a tinta
mais colorida da vida,
do meu passado
todo emendado,
se desvencilhar.

Agora já não peço mais nada
somente deixo,
na alma acamada,
a esperança fluir
com temperança.

Só deixo a bendita alcançar
o coração cansado,
e realizar o milagre
outra vez a espada
desembainhada,
pés descalços,
sandálias jogadas
ao ar
neste silencioso,
e delicioso,
respirar.


MCRL/mcrl/13/07/13

Código em Recanto das Letras T 4387254

segunda-feira, 24 de junho de 2013

ROTINA






ROTINA




TODOS OS DIAS FAÇO UM POEMA
VIROU OBRIGAÇÃO
COM ESTE CADERNO NA MÃO.

TODOS OS DIAS OLHO PRA ELE
TODO FLORIDO
ENCAPADO, ENCORPADO,
A MIM PRESENTEADO
COM O AMOR DE UM FILHO,
E ME EMOCIONO COM ELE,
QUE ME OLHA PEDINDO MAIS
PALAVRAS
ATREVIDO.

OUSA ACELERAR-ME O CORAÇÃO
OUSA FAZER-ME SONHAR
OUSA TANTO, QUE ME APAIXONO,
E NELE, ME ABANDONO.










MCRL/mcrl/17/11/11

sábado, 15 de junho de 2013

NADA



Sou alguém
e não sou nada
não passo de uma bolha d'água
como pluma, enlevada
e sob o sol  estourada
em um simples movimento
do vento.

Sou lamento em flor
ornamento de lágrimas
de amor.

Sou um ponto, uma fagulha,
uma agulha no palheiro,
um breve raio de sol
me fulmina
por inteiro.


Sou água, ar,
pássaro engaiolado
a se debater
proibido de voar
na cruel esteira
da vida inteira
a crer e sonhar...

mas, na poesia,
bato, sôfrega, as asas
a cantar.

Sou brisa leve
ao luar
um  minúsculo capítulo da história
no brutal passar do tempo
na cabal realidade
do esquecimento.




MCRL/mcrl/11/06/13

Código em Recanto das Letras T4343320

sábado, 18 de maio de 2013

INVERNO





INVERNO


Tarde fria
mar agitado
nuvens pesadas
negras,
dilapidando os morros.

Vento assombrado
traz o frio
num uivo malvado
vem
junto ao relento
sinistro, cinzento
que até parece
o início do fim.

Árvores se agitam
Suas folhas gritam
“não nos deixem cair”
mas as belas lhes dizem
“o inverno é bonito
e o frio curtido
não tarda a rugir.”

Bela paisagem molhada
no cerne do inverno
e da chuva fina
que corta os corpos
por dentro, um desejo
um amor descoberto.

É tão bonito o inverno
e a chuva, e o vento
encrespando o mar,
e no horizonte,
tudo cinzento,
seu corpo dormente
sedento de amar.


É tão bonita a vista
de quem pode enxergar
as nuvens cerradas
cortando as montanhas,
escondendo o além-mar.

Em suas variadas formas
uma reunião de senhoras
tão lindas,
quanto estranhas...




MCRL/mcrl/18/07/12
Código em Recanto das Letras - T 4297353