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quinta-feira, 20 de novembro de 2014

POEMA DE AMOR, VENCIDA A DOR



Poema de amor, vencida a dor



Chove lá fora;
cá dentro
deste chalé tão pequeno
a gente namora.

O som da chuva
é música de amor
e eu me amo
porque te amo!
Porque agora entendo
que no meio de tantos adendos
enfim o nosso amor fez história.

Na mata os grilos se agitam
é noite que adentra:
e eu sinto o amor verdadeiro
desfeitas as ilusões,
a farsa das dúbias paixões.

O amor real,
vindo do coração
de quem inteiro me aceita,
e ama cada uma de minhas estrias,
e vibra com minhas bobas alegrias,
e se realiza em me ver de perto,
e saber meu amor por ele
tão certo,
e me conhece, um lírio envolto
num grande campo de imperfeições.

Aquele que me acha a mais linda
que ama minha risada,
e beija cada uma
das minhas mãos brancas,
e me pega, e me aperta do nada
a cintura, e me enlaça,
e eu me sinto segura.

Que me diz que estou muito magra
mas mesmo assim me quer nua,
que abre a porta do carro,
e a tampa da garrafa d'água
e me empresta o casaco,
porque eu trouxe vários
mas o dele tem cheiro de homem
quente
e é o que me faz sentir mais potente.

Eu o amo na sua gentileza,
na sua bondade que me desconcerta,
na força máscula que ele usa pra levar a mala
enquanto eu levo apenas a bolsa
e a suposta fraqueza.

Amo a sua ternura e a proteção
a consciência de que sua condição de homem
tão somente é paralisada
diante da mulher há tanto tempo amada.

Tombo diante deste amor tão grande
amor escrito nas artes
amor que vence a dor
das saudades,
que espera, e não cansa
não desiste, não se despede,
insiste e, verdadeiro homem,
novamente se lança.

Estremeço ante esse amor sem medida
que dorme feito um menino
e acorda cuidando de tudo,
de mim, da água que cai do duto,
do ar que desarma
do beijo arteiro
que me entortou de um jeito
e me deixou o peito
inundado deste amor rendido,
e fez então de um tudo
e o trouxe de volta à vida.

Ele me dá bronca
menciona os remédios que esqueci de tomar
em suas manias de me cuidar
e dele também eu cuido
e de seus remédios o lembro
mesmo que ele, teimoso como todo homem maduro,
mas eterno resto de filho,
insista em dizer
que já está bom de tudo.

A chuva agora é garoa
os grilos cantam muito mais fortes,
é certo que o céu amanheça azul
e deste chalé, incrustado na mata, 
a gente sai pra um dia
de sol, amor
e caminhada.

Mãos dadas, divinos companheiros,
pedra por pedra, a gente pula,
se eu tropeçar ele me segura
se ele vacilar eu o sustento,
e amor nos guia
base dos nossos sentimentos,
alicerce em todos os momentos,
corações batendo
no ritmo exato,
a estrada percorrida
pelos dois, dia a dia,
compartilhada.

@Cristina Lebre - 08.11.14
Código em RL - T5034401

MM

Mãos




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